terça-feira, 23 de dezembro de 2014

nada será como antes.

Ainda que o desejo me corroa tudo que ainda tenho, a grande utopia da epopéia parece que chega ao seu fim. Do prelúdio do  que seria esse feito, pouco pude perceber tamanho erro que cometia de novo, ainda que de maneira mais sutil aparentemente aquelas lagrimas que caíram conforme a chuva, a mesma que alimentava meus mais profundos desejos, eu entendi naquelas gotas que caiam que não há mais espaço para as tolices, ou menos simples devaneios de como tudo poderia ser.
Não há mais certeza, e como diz o grande poeta mouro que tanto gosto," tudo que é sólido se desmancha no ar" e assim anda sendo, mesmo que seja de um fragmento recortado de 1848 , entendo no amargor de meu peito que é a vida que construí, e hoje não posso mais tocar naquela pele que tanto me encanta, que quando eu passava as mãos sentia como se tocasse algo para além de um céu, como se tocasse o infinito, que é claro, não existia a não ser na cabeça de um maluco.

O mais chocante de tudo foram aquelas lágrimas, que ainda não tenho compreensão de como lidar com elas, que pareceram de tristeza por saber que nada será como antes.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Balada de um louco.

Balada de um louco.

De um pouco
o mundo tem muito.

E da arquibancada
só se pode ver o artesoado

de um mundo novo

e caduco.


Ao ler este pequeno fragmento, escute isso junto, do melhor tango.


sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Mar virou Sertão

      The Victory, Magritte
        Ainda que Dezembro dure o ano todo, nem sempre podemos ver. Quando coloquei a primeira vez meus olhos nos seus, me perdi. Não pude acreditar, aquele formato de olhos pareciam um grande oceano de tantas sensações e de grandes desafios. E para além do que todos poderiam imaginar, a sensação que aqueles velhos navegantes tinham se repetiu, aqueles olhos, foram e ainda são um grande abismo que todo dia em que eu o encontro tenho uma vontade imensa de me jogar.
          Não vejo uma outra forma de alegoria se não o Mar para mostrar o quanto o que sinto é grande e junta em si tantos sentimentos e formas juntas, assim como o Mar junta os continentes. Negar essa alegoria é reduzir algo, que é por si só Além da razão e para retratar o ímpeto em escrever pequenas páginas de perguntas não há ninguém melhor que um mestre dos cânticos dos Mares.
          "Tem que passar além da dor. 
Deus ao mar o perigo e o abismo deu, 
Mas nele é que espelhou o céu."
Camões,L. Os Lusiadas.

          Esse é um velho escrito da ilusão que acontece. Não posso negar ter buscado esse velho mistério em outros lugares, mas era sempre naquele mesmo espaço que encontrava meu medo, minha segurança e meu mais profundo desejo...o que hoje, só posso dizer que o Mar virou Sertão.
          Tudo que eu mais queria dizer era aquela velha letra do sambista paulista olhando sua janela, e aliás é uma das imagens mais frequentes em minha cabeça, na qual ele dizia para jogar a chave, pois aqui fora está frio demais. Não há mais tempo disto, até porque a chave já está nas mãos de outa pessoa, e o que cabe neste ponto? Não é mais tempo de lágrimas, ou mesmo de tentar mediar o tempo, simplesmente aceitar e entender que por mais que eu queira que as águas voltem ao mesmo lugar, não é possível, Heráclito já nos demonstrou de maneira bem direta que a mesma água nunca volta ao mesmo lugar, mesmo que o autor em questão ainda diga do movimento dos contrários, chegamos aqui a uma síntese que é uma não-síntese  de todo tempo que passou e das transformações que ocorreram.
           Ainda que, por alguns instantes tudo o que mais queria fosse que tudo voltasse a ser como antes,que eu olhasse suas mãos e me arrepiasse todo. Não é mais possível isto, esta estampado em seus olhos que não existe mais por sua parte aquele fervor que só uma paixão tem. Ainda que com toda sutileza e radicalidade que é possível num mundo de contrários ainda assim tenho um grande espanto em te ver, é como aquele Ser descrito em A Flor e a Náusea de Drummond  que se sensibiliza ao encontrar aquela flor nas ruas da velha terra da Garoa, só que em meu caso, você não é apenas uma flor que nasceu no mar, você é um Oceano todo cheio de flores, coloridas que rompe todos os dias com o tédio cinzento de meu coração.
Flor do Mar
"És da origem do mar, vens do secreto,
do estranho mar espumaroso e frio
que põe rede de sonhos ao navio
e o deixa balouçar, na vaga, inquieto.

Possuis do mar o deslumbrante afeto,
as dormências nervosas e o sombrio
e torvo aspecto aterrador, bravio
das ondas no atro e proceloso aspecto.

Num fundo ideal de púrpuras e rosas
surges das águas mucilaginosas
como a lua entre a névoa dos espaços...

Trazes na carne o e florescer das vinhas,
auroras, virgens músicas marinhas,
acres aromas de algas e sargaços..."
Cruz e Souza
          Ainda que não seja um dos meus poetas favoritos, Cruz e Souza expõe de maneira bem simples os grande enigmas de um coração tempestuoso.
          Não gostaria muito de me ater aos recentes descobrimentos, a final se existe uma das coisas que mais faço em tempos presentes é a busca. Busca sobretudo pela minha velha nau afundada em um Mar que só existe de maneira utópica, ou não.
           "E nas ondas do mar
Eu vi você voltar
E nas ondas do mar
Eu desapareci..."
o que a gente podia fazer, Vanguart.
          Por mais que seja um romance de uma pequena cidade o Mar ainda se faz como um velho sonho, e sempre fui muito afeito aos velhos sonhos, a velha utopia. Um surrealista, é desta maneira que poderia de descrever, mesmo que ainda  assim o futuro seja incerto e cheio de amalgamas.
          Ao estar ao seu lado, tentando buscar nas suas mãos um velho sentimento, foi o dia mais feliz do ano. Ao ouvir aquele som que tanto descreveu nossos maiores conflitos, sempre que escutava aquelas velhas musicas eu pensava em você.
Um filme se passou em minha cabeça naquele instante, porém, ainda que assim tivesse um final feliz em meus mais profundos desejos. Desde o dia em que a conheci, ao primeiro beijo, ao término cego. 


"blood crystalized as sand
and now I hope you'll understand
you reflected into his looking glass soul
and now the mirror is your only friend"
The Diamond Sea. Sonic Youth


          Um sentimento tão belo é o amor.  Reificado. Ainda que eu lembre de todos os dias ao teu lado, e quisesse mais do que tudo que aquilo voltasse, não encontro formas de fazê-lo. Hoje não me resta duvidas de que eu ando tentando, meio que sem jeito, ao meu modo de cometer meus pequenos erros. Ando buscando formas de te dizer, e mais do que isso sentir o verdadeiro "eu te amo".
          O meu mais profundo desejo nesse momento era saber que você um dia fosse ler este texto. Não que eu não quisesse teus beijos, os melhores beijos. Só que para além disto, gostaria daquelas tardes que o tempo não existia, que era apenas eu e você, e um amor que nos preenchia, nos alimentava (não sei se você irá se lembrar, mas eu morria de vergonha de comer na sua frente, e seus pais falavam que amor não alimentava), gostava da forma com que aos pequenos passos tímidos nos aproximávamos dos corpos um do outro, até chegar em momentos mais sublimes de uma vida, que aqui por mais que você nem possa pensar nisso, para um velho lobo do mar, já valeram esses poucos 23 anos só por ter encostado nesse pele, sentir cada fio de cabelo teu, a final nunca te disse o quanto gosto deles,  para além, reparar na forma com que você para e observa o mundo objetivo-sensível  ao seu redor, e como gostaria de fazer parte dele. 
         
          Ainda que por alguns instantes, só queria ter mais uma vez.

Ainda que nunca mais lhe sinta.FAÇAMOS UM TRATO

“Quando sinta sua ferida sangrar,
Quando sinta sua voz soluçar,
Conte comigo" (De uma canção de Carlos Puebla)

Companheira
Você sabe
Que pode contar comigo,
Não até dois
Ou até dez,
Mas contar comigo.

Se alguma vez perceber
Que ao olhar nos meus olhos,
Não reconhece o meu amor,
Não duvide dele,
Lembre-se de que sempre
Pode contar comigo.

Se outras vezes
me encontrar impaciente,
Sem motivo,
Não pense que diminuiu o meu amor,
Ainda assim, pode contar comigo.

Mas façamos um trato,
Também quero contar com você.
É tão lindo saber que você existe
E quando digo isso,
Quero dizer contar
Seja até dois,
Seja até cinco.

Não para que venha logo em meu auxílio.
Mas para ter certeza,
Na medida certa,
Que você sabe,
Que pode contar comigo.
Mario Benedetti

do mais profundo e velho coração vagabundo, do seu, só seu Inho.


sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Entre o desejo e a razão.



um humilde homem trajando suas vestes de combate
Na boca de uma quimera; seus dentes eram:
- Alegria, melancolia e mercadoria

Pouco sabia da vida
Nas favelas, nas vielas e nas ruas
crianças com fome, com frio...

O combate dentro da amarga boca
Seguia, de maneira silenciosa
Os gritos do combate, gritos de agonia
  - Fome e mais-valia.

Todos sendo devorados pelo monstro que imanava das luzes da cidade
E em pouco tempo, como o bater de asas de um beija-flor
o combate cessa e se inicia novamente, sem que os olhos da delação vejam

Como  a grande rocha que sempre rola pela montanha.
Sísifo tenta novamente, os homens tentam lutar
No constante luta de não ser engolido, embrigado e por fim apagado.


sexta-feira, 27 de junho de 2014

Corro sem saber
querendo mais do que tudo aquela velha sensação
que um dia, irei de conquistar novamente.

Pelas cidade cinza, pensei que encontrei
meio a uma festa, na qual não gostava do som, da cerveja e nem um pouco do lugar
passei, olhando para aqueles olhos, ali o tempo parou

Como um grande mistério você se apresenta
e quando, penso que cheguei novamente naquela felicidade.
...o tempo se vai, você se vai, e só fica o velho solitário em busca daqueles olhos, que um dia olharam a mim.


terça-feira, 17 de junho de 2014

Saludos a WB, un amigo y un passajero.



Saludos a WB, un amigo y un passajero.


Quando me perdi dentro daqueles óculos, pouco tempo tive antes de ter uma catarse
Não me deparei somente em pensar que aquilo que é fruto do trabalho humano, mas também é trás um trabalho a percepção!
Não há novidade naquilo, são apenas óculos, e que em sua forma de mercadoria esconde a vida das pessoas que o fizeram, o seu tempo de trabalho e tudo mais o que o fetiche trás.
Agora, porque o que vi não foi somente isso? Vi também os escombros de todos aqueles que ao fazer o óculos se tornaram óculos, e a simples mercadoria óculos, é tema de uma "passagem", e não o trabalhador que o fez.
- O óculos virou o humano, e o humano - óculos, que loucura!

Não me prenderei a sua forma óculos, mas o que dentro da pequena brecha, num pequeno fio de luz eu pude ver - limitado pelas palavras, e pela memória de uma fotografia;
Pude não só ver a grande bílis negra que assombra o Humano desde a antiguidade, como também vi a tristeza que se carrega no coração, por saber que o ser uno faz parte do universal, e que estas mortes também são nossa mortes;

E por mais que caminhemos sob as Passagens, em texto ou no subúrbio da Cidade, por mais encantador que possa parecer o Progresso, na realidade o que vemos é sempre o amontoado de barbárie.


segunda-feira, 19 de maio de 2014

Nas Passagens da Cidade

Andando por aí, eu vi:
Catacumbas, escombros e mortos, quantos mortos!

Mas também, ao fundo avistei as barricadas
As mais lindas e brilhantes, mas tão pequenas perto do amontoado de escombros

Quanto mais andei mais notei que todo Progresso carregava teus mortos
Mortos-vivos esperando...o que?





segunda-feira, 12 de maio de 2014



A mal dita-du ra

Insiste, persiste e dura
Vive, se muta e não se instigue

Não é a sonhada dita pelo mouro nas páginas tão pouco lidas
é a outra, que se iniciou em 64 e não termina nunca.

Dizem que ela acabou, mas vejo nas instituições ela apenas se moldou!
Deixou de ser a autocracia da burguesia para de transmutar na faixada democrática

A maldita ditadura vive, assim como vivem desaparecidos os corpos de combatentes
Que não morrerem com dentes, roupas e como indigentes.

A falácia institucional quer dar explicações aos mortos
só que a Instituição maior ainda continua os matando e torturando

E como poderão dar-nos explicações
Se ainda são os patrões!

Ao final apenas uma firme tristeza de saber
Que a dita- dura: infelizmente vive

E todxs que lutam/lutaram morrem.



terça-feira, 6 de maio de 2014

Vende(a)dor



Vende(a)dor

O saudoso poeta disse uma vez, amor só é bom se doer.
Neste caminho trilhei estas palavras, para o fetiche da subjetividade
Dentro daquele pequeno mundo, onde tudo estava ao avesso
O humano virou coisa, e a coisa humano

Anunciaram na Praça Central: "vendo o amor!"
Sem saber as pessoas começaram a correr em busca do pequeno vendedor
Ao caminhar um homem velho gritou: "ah, isso é a dor"
Dentro do tumulto da praça se iniciou um ardor

Um homem jovem conheceu naquele instante a dor
Estava diante de um Ser, que só poderia existe para o amor
 O velho tinha razão, e o vendedor lhe abriu as mãos
e disse: vendo o amor, o que vem junto só poderia ser, senão a dor.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Hora do Almoço


Hora do Almoço

O trabalhador, parou e pensou;
No Povo
ovo
No patrão
macarrão
No chão da fábrica
pão
e no escritório do Patão
só dinheirão

                                     o será que acontece ao lado?
                                     Porque tenho que ficar calado?
                                    Nem ao menos posso ficar sentado
                                    Cansado, fadigado e desesperado o trabalhador pensou;
                                    - O “Sindicato” !


                                                                Nessa hora o Patrão chegou e disse:
                                                                Acabou o arroz e feijão
                                                                E o trabalhador logo esqueceu tudo que pensara
                                                                e voltou novamente a produção